- Área: 8176 m²
- Ano: 2014
-
Fotografias:ELEMENTAL | Nina Vidic, Nico Saieh
-
Fabricantes: Hunter Douglas, Dermetall, Nuprotec
Descrição enviada pela equipe de projeto. Em Santiago, edifícios que querem parecer “contemporâneos” têm fachadas de vidro, mas devido ao clima local, paga-se o preço com o efeito estufa gerado no interior dessas construções. Este edifício tinha que corresponder à expectativa do cliente, que queria um centro de inovação com uma “aparência contemporânea”. Essa busca acrítica pela contemporaneidade povoou Santiago com torres de vidro que, devido ao clima desértico local, apresentam sérios problemas de efeito estufa. Tais torres gastam uma quantidade enorme de energia com ar condicionado. O modo de evitar ganhos indesejados de calor não é uma ciência sofisticada; basta deslocar a massa do edifício para seu perímetro, recuar os planos de vidro para evitar radiação solar direta e permitir ventilação cruzada. Ao fazer isso, passa-se de 120kw/m²/ano (consumo de uma típica torre de vidro no Chile) para 45kw/m²/ano.
Então invertemos a planta típica com um núcleo opaco e perímetro transparente e propusemos deslocar toda a massa em direção ao perímetro, com um núcleo aberto e permeável. Essa fachada opaca não é apenas energeticamente eficiente, mas também ajuda a filtrar a luz extremamente forte que, em geral, força o uso de cortinas nos espaços internos de trabalho, transformando o que era inicialmente para ser transparente em um fiasco. Nesse sentido a resposta ao contexto não passou do uso rigoroso do senso comum.
A maior ameaça a um centro de inovação é a obsolescência funcional e estilística. Então, além da responsabilidade profissional de evitar uma eficiência ambiental extremamente baixa, a rejeição da fachada de vidro também tem a ver com a busca por um projeto que possa resistir ao teste do tempo. Concluímos que o melhor modo de lutar contra a obsolescência era pensar no edifício como uma infraestrutura mais que uma arquitetura. Uma forma clara, direta e mesmo dura é, com efeito, o modo mais flexível de permitir uma contínua mudança e renovação. Uma geometria rigorosa e uma materialidade monolítica foram os meios que utilizamos para substituir o modismo pela atemporalidade.
A criação de conhecimento requer interação próxima entre as pessoas e a capacidade de ver no quê os outros estão trabalhando. Em edifícios convencionais os espaços de encontro tendem estar apenas no térreo, assim, no caminho até seus locais de trabalho as pessoas normalmente não vêem o que acontece nos outros pavimentos. Então, multiplicamos esses lugares de encontro por todos os níveis do edifício através de janelas recuadas de pé-direito triplo e praças elevadas. Ao introduzir um átrio permeável no núcleo do volume, aproveitamos a circulação vertical como uma oportunidade de saber o que se passa no interior do edifício.
Não deixe de conferir o vídeo exclusivo no qual Alejandro Aravena explica os conceitos do projeto.
On the other hand, we thought that the biggest threat to an innovation center is obsolescence; functional and stylistic obsolescence. So the rejection of the glass facade was not only due to the professional responsibility of avoiding an extremely poor environmental performance, but also a search for a design that could stand the test of time. From a functional point of view, we thought the best way to fight obsolescence was to design the building as if it was an infrastructure more than architecture. A clear, direct and even tough form is in the end the most flexible way to allow for continuous change and renewal. From a stylistic point of view, we thought of using a rather strict geometry and strong monolithic materiality as a way to replace trendiness by timelessness.